
Dentro das fileiras do Exército Brasileiro, poucos nomes despertam tanto respeito quanto o de Marco Antônio de Souza. Conhecido como “Assombroso” por seus companheiros de Forças Especiais, ele construiu uma carreira pautada por precisão cirúrgica, coragem e ética em combate.
Sua trajetória foi eternizada em 2025 com a publicação do livro “Eu, Minha Arma e o Alvo”, escrito por Nathalia Alvitos e André Moragas, lançado pela editora Rocco. A obra revela não apenas as façanhas de um atirador de elite, mas a jornada de um homem moldado pela disciplina e pelo dever.
Origens humildes e vocação despertada
Marco nasceu no Rio de Janeiro, em 1964, em um ambiente modesto, cercado pela influência militar do pai. Ainda criança, teve seu primeiro contato com uma arma — uma carabina que, originalmente, era destinada ao irmão.
Curioso e autodidata, começou a treinar sozinho, aperfeiçoando sua mira no mato, em silêncio. Foi nesse contato inicial, quase casual, que nasceu o instinto que o levaria a se tornar o maior sniper da história militar brasileira.
O desejo de servir ao Exército surgiu da admiração pelos soldados que marchavam na antiga Rodovia Rio–São Paulo, próxima de sua casa. Em 1983, com apenas 18 anos, ingressou na Brigada de Infantaria Paraquedista, onde logo demonstrou uma precisão fora do comum.
Início da lenda nas Forças Especiais
Marco foi selecionado para integrar o recém-criado 1º Batalhão de Forças Especiais. De 80 candidatos, apenas nove foram aprovados — e ele estava entre eles. Na nova unidade, tornou-se “caçador”, como é chamado o sniper no vocabulário militar nacional.
Ali, sob orientação de instrutores renomados como o Subtenente Deusdedit Cortes e o Tenente Roberto Queiroz, sua técnica foi levada a um nível de excelência absoluta. A dedicação intensa aos treinos, aliada a uma visão estratégica apurada, o tornaram uma referência silenciosa nas operações de elite do Exército.
Reconhecimento internacional no Haiti
Sua atuação em missões da ONU no Haiti, a partir de 2006, marcou um ponto de virada na visibilidade de seu trabalho. Em regiões dominadas por gangues fortemente armadas, como Cité Soleil, Marco atuou com precisão letal, eliminando ameaças e protegendo civis e soldados. Em uma dessas missões, acertou todos os alvos com perfeição, evitando baixas entre os aliados e consolidando sua fama entre as tropas multinacionais.
Além das operações de combate, participou ativamente em ações de resgate durante o terremoto de 2010. Um desses momentos foi o salvamento de uma enfermeira soterrada, episódio que ganhou destaque na imprensa.
Técnica, ética e legado
Entre suas armas preferidas, destaca-se o fuzil PSG-1, calibre 7,62mm, com munição finlandesa Lapua, capaz de atingir alvos com altíssima precisão a mais de 600 metros. Mas seu maior diferencial sempre foi o equilíbrio entre competência técnica e responsabilidade ética. Marco nunca buscou notoriedade pelos disparos que efetuou, mas pelas vidas que conseguiu preservar.
Após sua aposentadoria oficial em 2013, continuou contribuindo como instrutor das Forças Especiais, transmitindo conhecimento para uma nova geração de atiradores de elite. Seu retrato hoje ocupa lugar de honra no Centro de Instrução de Caçadores.
Um herói silencioso que se tornou símbolo
A loja Arsenal Combat, de Palmas (TO), acrescenta que Marco Antônio de Souza também atuou no combate ao garimpo ilegal na Amazônia, ampliando sua contribuição para a soberania nacional. Sua história, por muitos anos mantida nos bastidores das operações militares, agora está acessível ao público civil graças à sua biografia.
A trajetória de Marco Antônio de Souza, o "Assombroso", ultrapassa os limites da farda e se inscreve na memória do país como exemplo de bravura, excelência técnica e serviço à pátria. Diferente dos heróis ficcionais de Hollywood, ele fez história no mundo real — com disciplina, discrição e honra.
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