
O tiro esportivo paralímpico é um dos exemplos mais impactantes de como o esporte pode ser motor de superação e inclusão. Nessa modalidade, atletas com deficiência física desafiam os limites da técnica, da concentração e da precisão, provando que excelência e talento não conhecem barreiras.
Presente nos Jogos Paralímpicos desde 1976, o tiro esportivo adaptado evoluiu em estrutura, participação e reconhecimento, consolidando-se como uma das provas mais técnicas e emocionantes do programa paralímpico.
História paralímpica da modalidade
O tiro esportivo estreou nas Paralimpíadas em Toronto-1976, com disputas apenas masculinas. Quatro anos depois, em Arnhem, mulheres passaram a competir, inclusive em provas mistas. As décadas seguintes alternaram os formatos, com provas exclusivamente masculinas, femininas ou mistas, até que a partir de Atlanta 1996 o modelo atual com as três categorias foi estabelecido e permanece até hoje.
No Brasil, a prática começou em 1997, no Centro de Reabilitação da Polícia Militar do Rio de Janeiro, e a primeira representação internacional veio em 1998. Em Pequim 2008, o país voltou ao cenário paralímpico com Carlos Henrique Procopiak Garletti, que também competiu em Londres 2012 e na Rio 2016.
Avanço brasileiro e a chegada ao pódio
O grande marco da história brasileira no tiro paralímpico aconteceu em Paris 2024, com a medalha de prata de Alexandre Galgani na prova R5 – carabina de ar 10 metros, posição deitado, categoria SH2 mista. Ele somou 254,2 pontos, ficando atrás apenas do francês Tanguy de la Forest (255,4) e à frente da japonesa Mika Mizuta (232,1).
Galgani é símbolo de superação. Após um acidente em 2002, perdeu os movimentos dos membros superiores e, após longa reabilitação, voltou ao esporte com o apoio da família. Com treinos em um estande montado em casa, chegou ao alto nível internacional, após representar o Brasil em três Paralimpíadas e conquistar medalhas nos Jogos Parapan-Americanos e no Mundial de Tiro Esportivo de Lima.
Além de Galgani, o Brasil teve outros representantes nos últimos anos, como Débora Campos, Geraldo Rosenthal e Bruno Stov Kiefer, este último também presente em Paris 2024.
Regras, equipamentos e classes
As regras do tiro paralímpico seguem as diretrizes da Federação Internacional de Tiro Esportivo (ISSF), com adaptações do Comitê Paralímpico Internacional (IPC). A modalidade é dividida em provas de 10m, 25m e 50m, com pistolas e carabinas, e diferentes posições: em pé, sentado ou deitado.
Armas e calibres utilizados:
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10m: carabinas e pistolas de ar comprimido (4,5 mm)
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25m e 50m: armas de fogo (pistolas e rifles) com projéteis de 5,6 mm
As provas seguem o sistema de pontuação com alvos divididos em 10 zonas concêntricas, sendo 10 a pontuação máxima por disparo. A soma dos pontos da fase classificatória com a final define os medalhistas.
Classes esportivas:
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SH1: atletas que conseguem segurar a arma sem apoio, com pistolas ou carabinas.
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SH2: atletas que não conseguem sustentar o peso da arma e utilizam suportes específicos (exclusivo para carabina).
As classificações são feitas com base na força muscular, mobilidade e controle do tronco, permitindo que atletas com deficiências distintas possam competir juntos, sempre com as adaptações necessárias para garantir igualdade técnica.
Inclusão e representatividade
Um dos aspectos mais inspiradores do tiro paralímpico é o fato de ser uma modalidade mista, onde homens e mulheres competem juntos em diversas provas. Isso amplia a representatividade e reforça o espírito inclusivo do movimento paralímpico.
Outro destaque é a presença de atletas que ingressam no esporte após adquirirem deficiência. O tiro esportivo surge, nesses casos, como ferramenta de reabilitação física e emocional, oferecendo propósito, rotina e objetivos desafiadores.
O esporte como transformação
A trajetória de Alexandre Galgani ilustra como o tiro pode devolver a autoestima e o sentido de realização a quem enfrenta limitações físicas severas. Desde sua primeira participação na Rio 2016 até a inédita medalha em Paris, o atleta brasileiro se transformou em referência, não só para novos atiradores, mas para o próprio movimento paralímpico.
Com o apoio do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e a profissionalização crescente da modalidade, o Brasil caminha para se firmar como um competidor de alto nível, com chances reais de novos pódios em Los Angeles 2028 e além.
Conclusão
O tiro esportivo paralímpico é mais do que uma competição: é um espaço de reconstrução, excelência e desafio técnico elevado. É onde precisão milimétrica encontra histórias de superação profundas e onde atletas como Alexandre Galgani demonstram que o talento é maior do que qualquer obstáculo físico.
A loja Arsenal Combat, de Palmas (TO), conclui que a evolução da modalidade no Brasil, agora coroada com uma medalha inédita, aponta para um futuro promissor, com mais visibilidade, investimentos e adesão de novos atletas. O tiro paralímpico representa, assim, não apenas um esporte de elite, mas um símbolo de resiliência, igualdade e esperança.
Para saber mais sobre tiro esportivo nas Paralimpíadas, acesse:
https://cpb.org.br/modalidades/tiro-esportivo/
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